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28 de junho de 2011

Museu Nacional do Azulejo - Parte II

Antes de prosear sobre o que vi e fiz no Museu, passo o serviço (muito importante para quem está de férias):
  •  O Museu fica na Rua Madre de Deus, número 4.

  • Funciona de terça a domingo das 10h às 18h. Se você chegar até às 17h30, você até entra, mas não recomendo conhecer o lugar às pressas.

  • Não abre às segundas (muitos museus não abrem às segundas, hein?) e nos feriados da Páscoa, Natal, Ano Novo e 1º de Maio. Atenção: em Lisboa, quando eles querem avisar que algo não abre, eles não dizem fechado, mas sim Encerrado!

  • A entrada custa 5 euros. Acima de 65 anos, paga-se 2,50. Portadores de deficiência também pagam meia.

  • Viajantes com família: 50% de desconto para filhos entre 15 e 18 anos, desde que acompanhados dos pais.

  • Para quem tá viajando com o orçamento baixo: nos domingos e feriados a entrada é gratuita até às 14h.

Museu Nacional do Azulejo

Uma funcionária do museu trabalha
na restauração de uma peça do
acervo.
Foto: Nara Franco

Passagem comprada, segui em direção ao Museu Nacional do Azulejo. Desde que vi esse nome achei muito curioso Lisboa ter um museu inteirinho dedicado ao azulejo. Sinceramente, nem sei porque. Nada mais lusitano que um bom azulejo. Então era mais que natural que a cultura portuguesa prestasse sua homenagem a esse patrimônio. Mas aí você pode dizer: Narinha, sinceramente, o que vou fazer num prédio cheio de azulejos? Não é um passeio sem graça? 

Olha .. depende. Eu achei a temática inusitada e fui lá conferir. Porque sem um programa furado, qualquer viagem fica sem graça. Contudo, confesso que o Museu me surpreendeu. Tenho total noção, no entanto, que este é um passeio para iniciados, ous seja, gente disposta a sair do script proposto ou arriscar dicas de guias ao pé da letra. 

Por fora, apenas uma igreja branca como muitas em Lisboa. Mas numa segunda olhada, o Museu não fica numa igreja, mas sim no antigo Mosteiro da Madre de Deus, fundado em 1509 pela rainha D. Leonor (1458-1525). 

Os edifícios do Convento e Igreja da Madre de Deus passaram por várias reformas ao longo do tempo e para o local foram sendo conduzidos e armazenados painéis de azulejo, provenientes de outros locais de Portugal e de outros países. Inicialmente se destinavam à decoração do interior do edifício.

Como descreve o site: "Surgiu, então a hipótese de colocar sob a tutela do Museu Nacional de Arte Antiga diversos monumentos, a fim de poder ser feita a sua salvaguarda patrimonial, ficando estabelecido, numa carta do seu director João Couto datada de 15 de Dezembro de 1954, que a Igreja e dependências da Madre de Deus, em Xabregas, deveriam ser consideradas como anexos do Museu Nacional de Arte Antiga".

Na década de 50, com o objetivo de realizar uma exposição comemorativa aos 500 anos do nascimento da Rainha D. Leonor, a Fundação Calouste Gulbenkian custeou as despesas com grandes obras de restauro, designadamente, no claustro e pinturas, da Igreja da Madre de Deus.

Gostaria de fazer aqui uma pausa e dedicar algumas linhas à Rainha D.Leonor. Até porque, falarei mais tarde, a parte mais linda do museu é totalmente dedicada a ela. A Infanta D. Leonor, chamada também Dona Leonor de Portugal ou D. Leonor de Lancastre, foi uma princesa portuguesa da Casa de Avis, e rainha de Portugal a partir de 1481, pelo casamento com seu primo D.João II de Portugal, o Príncipe Perfeito.
Reza a história que D. Leonor foi uma das mais notáveis soberanas portuguesas de todos os tempos e reinou no apogeu da expansão portuguesa, quando Lisboa se transformara na capital europeia do comércio de riquezas exóticas. Já viúva, manteve grande destaque na corte lusitana, sendo regente do Reino mais de uma vez. Foi viver isolada no Paço de Xabregas, mas ainda assim mantinha influência no Reino.

Detalhe do altar da capela
em homenagem à Rainha
Leonor.
Foto: Nara Franco
 

Os historiadores portugueses consideram seu legado mais belo e notável o edifício do convento da Madre de Deus, em estilo gótico manuelino, abriga o Museu Nacional do Azulejo, um dos mais ricos patrimónios culturais portugueses. Ali ela está seputalda e foi uma delícia descobrir toda essa história caminhando pelo prédio. Apesar das muitas intervenções pelas quais o prédio passou, do tempo da sua fundação restam o piso térreo, notável pelo seu Claustrim, e a chamada Capela de D. Leonor (uma das coisas mais bonitas que já vi na vida).